Parábola do Mau Hospital (Igreja Cristã Maranata)



Há vários hospitais na cidade, cada um com seu estatuto e com sua
filosofia de trabalho, mas o comum é que todos esses hospitais tentam trabalhar
com o Médico, mas nenhum desses tem o Médico presente na sua administração
ou burocracia. A maioria desses hospitais ignorou o conselho do Médico, e
passaram a seguir o estatuto dos seus administradores, pois Ele faz questão é da
vida do ser humano, Ele cuida individualmente de cada enfermo, basta esse
reconhecer que Ele está à beira no seu leito diariamente.

Mas há um, dentre todos esses hospitais que nos chama a atenção.
Aparentemente ele é muito acolhedor com os enfermos que vão se consultar:
funcionários muitos atenciosos com os pacientes, principalmente se é um paciente
novo. O estranho é que uma vez fora do hospital, a maioria dos funcionários desse
hospital às vezes faz nem questão de falar com aquele paciente visitante.
Estranho. Só fala quando ele está no hospital...
Esse hospital não possui uma estrutura física muito grande, é de um
tamanho discreto. Ainda que discreto, sua estrutura é sofisticada, aparelhagem
boa... Tem até um visual simpático e agradável aos olhos. Em função disso, até é
motivo orgulho para muitos, sobretudo para se comparar com os outros em
matéria de estatuto e organização. Dizem até que o hospital deles é o preferido do
Médico e foi Próprio mesmo que o arquitetou.

Lá dentro os trabalhadores, embora acolhedores, são de uma
formalidade demasiada, exceção de alguns enfermeiros que são bem calorosos.
Há, também, funcionários simples que não possuem tanta formalidade, e nem um
nível cultural elevado, esses são aqueles que não são funcionários do alto
escalão. Dentre os quais, entre os simples, havia dois, que são os protagonistas
desse referido relato.

Ele era um funcionário, mais precisamente um faxineiro. Naquele
Hospital havia um número elevado de outros funcionários, cada qual com o seu
cargo. Alguns eu destaco: o administrador, diretoria, pessoal do Financeiro, do
RH, terapeutas-ocupacionais, auxiliares de enfermagem, enfermeiros de nível
superior, porteiros, acadêmicos de medicina, pediatras, enfim, todas as
“especialidades”.

Apesar de alguns acadêmicos e até os próprios administradores
acharem que são Médicos, ou sentirem-se com esse status, eles estão
completamente enganados. Médico é apenas um. O Melhor. O Único, porém
suficiente. Aquele que foi supramencionado. Ele não segue o estatuto ou essa
implacável cartilha imposta pelo administrador e seus subordinados. Mesmo em
função dessa cartilha rígida, muitos doentes que chegam nesse hospital são
curados, por causa da incondicionalidade do agir do Médico; infelizmente, porém,
devida a cartilha e a cognição coletiva, os curados adquirem, posteriormente,
outro tipo de enfermidade – a infecção hospitalar – cujos sintomas e sinais são
frieza, sequidão, aspereza, maledicência, impiedade (maus tratos) e indiferença
sobre os outros – clientela de fora ou de outros hospitais.

Alguns funcionários um dia chegaram doentes, mas hoje estão
assolados por essa infecção. Os que nasceram no hospital desenvolveram a
infecção hospitalar ainda cedo e até hoje não abriram a porta do seu quarto para
que o Médico aproximasse do seu leito e cuidasse deles. Outros nascidos ou não
no hospital, foram infectados, porém mais tarde abriram a porta: o Médico pode
tratá-los e então foram curados, e acabaram saindo desse hospital.
Alguns iniciaram como faxineiros, outros foram logo apossados como
acadêmicos, sem explicação. Depois, alguns viraram enfermeiros, mas não se
contentaram com esse “ignóbil” ofício, e quiseram fazer parte da diretoria e
almejar a administração central do hospital.

Os que iniciaram como faxineiros, uns ainda pelejam para serem
promovidos. Tem até uns que fazem tudo possível, capaz até de agravar a
enfermidades dos doentes, machucar ainda mais a clientela infectada, para serem
reconhecidos pelos administradores. Outros, porém, que já conseguiram chegar
aos cargos “importantes”, já não estão mais preocupados com aqueles
funcionários que têm a infecção hospitalar, visto que eles não conseguem
diagnosticar, uma vez que também estão infectados; entretanto, demonstra de
forma tímida o auxílio aos pacientes que chegam no hospital rotineiramente.
A rotina daquele hospital transcorre na mais disciplinada rotina, no
padrão habitual, debaixo de uma hierarquia muito rígida. Aquele faxineiro, cuja
história relato aqui era quase um desapercebido aos olhos dos demais
profissionais. Estava levando a sua vida assim, dia-a-dia naquele ambiente (cujo
propósito deveria ser o de amparar o enfermo, bem tratá-lo até que esteja são).
Até que um dia aquele mero faxineiro adoece, não com essa
epidêmica infecção hospitalar que assola a grande maioria, mas com a doença
que pode assolar qualquer ser humano antes de ingressar no hospital. Todos os
membros do hospital percebem a situação dele, mas não fazem nada; uma vez
que ele, ora, só é um mero faxineiro. Ninguém se aproxima, nem uma enfermeira,
nem um diretor, tampouco o administrador para tentar curá-lo ou enviá-lo,
mostrando o caminho ao Médico.

Muito pelo contrário, difamam o faxineiro sobre seu estado para o
hospital: “enfermo” e “doente” que suja a imagem desse hospital puro. Na
verdade, estão eles muito desconfortáveis pelo faxineiro fazer parte do quadro de
funcionários do hospital, por estar com uma doença que outrora alguns daquele
hospital já possuíra. Ora, uma vez efetivando-se no hospital, ele só quererá gente
imune a qualquer sorte de enfermidades. Mas como ninguém é perfeito, todos
fingem ser imunes a qualquer doença. Usam máscarás, fingem que estão bem...
Sobretudo a cúpula, que demonstra ser pura, impecável, sempre imune a
doenças. A imagem do hospital está acima de tudo, do bem e do mal, o mero ser
humano, um desprezível faxineiro, para eles, não pode comprometer esse hospital
maravilhoso. A doença do faxineiro é considerada abominável para o corpo de
funcionários desse hospital.

O faxineiro, então, começa a sentir-se fraco, desanimado, pouco vem
trabalhar, até que por fim é vencido pela moléstia. Culpa do próprio hospital, pois
só dá preferência aos clientes-pacientes... não assistiu mais o doente, depois que
o interesse do hospital foi consumado: efetivação como membro do hospital. O
faxineiro já gozava de pouca atenção e credibilidade, agora assim, com uma
aparência mais deficiente, abatido, desnutrido, mais evitado o faxineiro passou a
ser. Um dia, um agravante: não obstante ele estar doente havia transmitido
também a doença a uma auxiliar de enfermagem daquele Hospital. O faxineiro
doente e a auxiliar de enfermagem também.



ENTÃO, RESOLVERAM FAZER UMA REUNIÃO PARA TRATAR
SOBRE O PORTADOR DE TAL DOENÇA:

ADMINISTRADOR: “Isso não pega nada bem pra imagem do nosso Hospital.
Precisamos tomar providências já”!

MEMBRO DA DIRETORIA 1: “Ele não honrou o Hospital! Sempre soube que pra
fazer parte do corpo de funcionários é necessário gozar de plena saúde! Doente
ele não terá nenhuma utilidade pra nós.”

MEMBRO DA DIRETORIA 2: “Ele não é um dos nossos, nunca foi. E ainda na
reunião do mês passado cogitaram promovê-lo. Eu sabia, esse sujeito nunca me
enganou...”

ADMINISTRADOR: “Quem é o chefe desse grupo, digo desse setor?”

RESPONSÁVEL DOS FACHINEIROS: “Sou eu senhor, mas eu já estava pra
conversar com o senhor a respeito dele e dela...”

ADMINISTRADOR: “Rapaz, sabia que você pode “rodar” junto com eles? Você já
deveria ter apurado isso antes dessa bomba estourar aqui no Hospital. E agora, o
que vou explicar aos outros funcionários?”

GERENTE DO SETOR FINANCEIRO: “Dá licença, sr. Administrador, posso dar
uma palavrinha?”

ADMINISTRADOR: “Sim, claro”.

GERENTE DO SETOR FINANCEIRO: “Ela, eu já noto algum tempo que parou de
contribuir com o sindicato. Ele, desde que entrou se contribui uns três meses é
muito.”

TODOS NO RECINTO FICAM MENEANDO A CABEÇA.
ADMINISTRADOR: “É não tem jeito....”

ENFERMEIRO: “Pessoal, vamos pensar numa coisa: eles estão doentes, só
precisam de cuidados. Nós temos todos os mecanismos e meios de cuidar deles
até que estejam sãos, e ..”

MEMBRO DA DIRETORIA 2: “Rapaz, você perdeu o juízo? Nem pensar. Nós aqui
temos um padrão. Ele e ela tiveram toda oportunidade de estarem conosco, não
valorizaram, o problema agora é deles.”

ADMINISTRADOR: “Ele tem razão. Estive presente na última conferência da
nossa rede de Hospitais e eles foram bem claros em relação aos que são do
nosso meio. Tem que ter identidade do Hospital, agora eles estão
descaracterizados...”

ACADÊMICO: “Põe pra fora. Daqui a pouco tá todo mundo doente aqui. O
Hospital vai ficar descredibilizado, e você sabe, a imagem desse Hospital é
muito bem conceituada. Estão construindo novos Hospitais aqui na cidade,
daqui a pouco ó...”

ADMINISTRADOR: “É, não vejo outra saída.”

ENFERMEIRO: “Tenho certeza de que nosso MÉDICO pode curá-los...”

ACADÊMICO: “Esses não tem jeito mais. Estão fadados a morrer!”

ADMINISTRADOR: “Rapaz –diz ele dirigindo-se ao enfermeiro - não estou te
entendendo... Aqui tem governo, sabia? Acha que eu estou a frente desse
Hospital fazendo o quê? Já está decidido, eles vão ser CONVIDADOS A SE
RETIRAREM daqui do nosso meio.

ENFERMEIRO: “Mas eu não compreendo: os doentes serão colocados pra fora. O
que é isso gente, meu Deus, isso tá errado...”

MEMBRO DA DIRETORIA: “Ih... (fala baixinho no ouvido do outro ao lado) esse
não tem mentalidade aqui do Hospital mesmo não...”

O ADMINISTRADOR TROCA OLHARES COM GERENTE DE RH,
COM ARES DE REPROVAÇÃO AO ENFERMEIRO. HÁ UM CLIMA RUIM, A
REUNIÃO ESTÁ PRESTES A ACABAR.

ADMINISTRADOR: “Espero que todos me entendam. Eu zelo é pelo Hospital. Não
tenho compromisso nem com A nem com B. Esse Hospital é minha vida. Se fosse
minha filha eu faria o mesmo”.

MAIS UMA VEZ HÁ TROCA DE OLHARES ENTRE OS MEMBROS
REUNIDOS NAQUELA DELIBERAÇÃO, AGORA COM AR DE SARCASMO,
NUM TOM DE “DUVIDO MUITO, EM RELAÇÃO A AFIRMATIVA DO

ADMINISTRADOR.
Encerrada a reunião, cada qual segue seu rumo. No dia seguinte o
faxineiro e a enfermeira são chamados a uma sala de reuniões onde o
Administrador os comunica acerca da decisão de bani-los do convívio com as
pessoas do Hospital. Ela chora. Ele não. Apenas olha para o chão. Remorso, fúria,
desespero, não sei, quem vai saber...
Sem delongas uma despedida seca, fria, como se aqueles dois
funcionários que trabalharam anos enquanto sãos estivessem ali apenas por
alguns dias, como estranhos.

Cambaleando lá se vão os dois doentes. Um escorando no outro, e
na recepção do Hospital ainda alguns funcionários criticam o casal severamente.
Se vão ter condições de chegar a outro Hospital ou se morrerão na próxima
esquina só Deus sabe. O enfermeiro dias depois entregou o lugar. Era muita
hipocrisia, e ele na verdade só queria trabalhar, exercer seu ofício.
Ele se sentia até mal, num Hospital onde os leitos para doentes
estavam sempre vazios e arrumados, e as pessoas desfilavam na mais
exuberante e falsa “saúde”, contaminados pela infecção hospitalar, ainda que
nenhum quisesse fazer um exame pra saber se por dentro tinham tal infecção
quanto demonstravam por fora.

Foi embora debaixo de muitas críticas também – covarde, sem amor
pelo Hospital, mercenário (diziam até que ele queria era ganhar dinheiro
atendendo por fora, queria se promover) muitas calúnias... Mas ele nem deu
ouvidos e foi, foi exercer seu ofício. A rotina do Hospital continuou na mesma. A
sistemática ainda é assim: adoeceu – põe pra fora, pra não “pegar mal” pra
imagem do Hospital.

O MÉDICO, pelo que sei conhece pessoalmente a todos. Tem o
nome de todos anotado nas palmas das mãos. Atende sem distinção até hoje. Vai
às casas, clínicas, hospitais, na rua, enfim; precisou ele atende prontamente.
Sobre o episódio ocorridos no Hospital, Ele apesar de não se
manifestar e nem se auto-convidar para a fatídica reunião, ficou sabendo de tudo
o que aconteceu, em detalhes. Ele sempre sabe tudo... Decepcionou-se, lógico.
Jamais teria tido tal atitude.

Aquelas pessoas eram aos seus olhos como pacientes, e agora, a
Diretoria tinha os expulsado do Hospital. Um absurdo. Apesar do silêncio
momentâneo, Ele ainda tratará com os que agiram assim, tendenciosamente.
Esses o enxergam apenas como um médico, mas não sabem que Ele é o dono
não só de Hospitais, Clínicas, Consultórios, mas é dono de tudo e todos.

Um Dia, Ele é quem vai recompensar seus funcionários, ou então
demiti-los – com JUSTA CAUSA.

E Jesus, tendo ouvido isto, disse-lhes:
“Os sãos não necessitam de médico, mas, sim, os que
estão doentes; eu não vim chamar os justos, mas, sim, os
pecadores ao arrependimento.” Mc 2:17
“Antes, os membros do corpo que parecem ser os
mais fracos são necessários; e os que reputamos serem
menos honrosos no corpo, a esses honramos muito mais; e
aos que em nós são menos decorosos damos muito mais
honra.” 1 Cor 12:22-23


P.S.: Baseado em relatos visto, ouvidos e vividos. Sem citar A ou B,
nem dizer nome de Hospital. Pode ser qualquer um, da minha cidade ou da sua.
Só quem já andou pelos corredores frios entenderá.
Paz, no Espírito Santo.


Debate completo: http://www.orkut.com/CommMsgs.aspx?cmm=1278527&tid=2547998200301374501