Os Batistas no Brasil

Quando falamos da história nos deparamos com vários pontos importantes em nossa vida. Por exemplo, qual o motivo de tomarmos café em nosso país? A resposta lógica vem de um costume adotado ao longo dos séculos que foi assimilado de forma silenciosa. Ou podemos dizer, calmamente, a razão está na história. Ao falarmos então de nossa denominação, tal questão se torna essencial para todos os batistas espalhados no Brasil. Infelizmente, poucos têm tido acesso a um estudo desta história em suas igrejas, o que tem levado a uma grande dúvida sobre nossa identidade. Esperamos que este breve estudo instigue aos que o lerem a uma busca maior pela origem dos batistas não só no Brasil, mas no mundo. Origem está marcada por momentos de grandes vitórias e de falhas. Ambas necessárias a uma reflexão adequada sobre os batistas brasileiros.

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Os imigrantes Norte-americanos... por volta de 1865, muitos imigrantes deixaram os Estados Unidos da América e mudaram-se para o Brasil. Cerca de 9 mil pessoas vieram neste contingente. Ao chegarem ao nosso país, estabeleceram-se em diversas regiões, formando várias colônias, como a de Santa Bárbara do Oeste, são Paulo, que particularmente nos interessa para os objetivos deste estudo. Em 1866, estes migrantes que vinham do Sul dos Estados Unidos escolheram esta região para se fixarem e estabelecerem uma nova vida. Tinham deixado sua terra, após a famosa Guerra Civil entre o Norte e o Sul. Os motivos eram os mais variados, alguns por terem receio de represarias depois da guerra e outros por terem perdido tudo no conflito. Começaram a se reorganizar, cultivando a terra, de forma a rapidamente terem sucesso em suas colheitas, pois eram, em sua maioria, agricultores. Trouxeram, inclusive, inovações tecnológicas, como o uso do arado, que ainda não era conhecido dos brasileiros desta região. Enfrentaram ainda uma situação religiosa hostil, uma vez que a religião oficial no país era a católica, experimentando, por exemplo, dificuldades quanto a procedimentos comuns como os registros de nascimento, casamento e óbito. Tais serviços somente foram legalmente regularizados aos não católicos, por meio de um decreto imperial, em 1863. Mesmo após tal regularização, o enterro em cemitérios controlados pela Igreja Católica, era proibido aos protestantes. Diante desta situação não é de ser estranhar que estes imigrantes logo formassem igrejas, uma vez que havia várias denominações entre eles, como metodistas, congregacionais e batistas. De forma, portanto, espontânea, em 10 de Setembro de 1871 foi organizada a primeira igreja batista em solo brasileiro, em Santa Bárbara, São Paulo, sendo seu pastor, Richard Ratcliff. Esta era a uma igreja constituída da maioria de imigrantes, tendo que realizar seus cultos em inglês. No entanto, é possível observar a preocupação deles com os brasileiros e sua evangelização, pois enviou, desde o início, solicitações nestes sentido à Junta de Richmond (de missões estrangeiras nos EUA), entre 1873 e 1879.

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Os primeiros missionários... A colônia de Santa Bárbara possuía, sem dúvida, um coração missionário, pois, um ano após a organização da igreja, enviaram um pedido à Junta de Richmond, clamando pelo envio de missionários para o Brasil. Tal apelo teve resultados, uma vez que, em agosto de 1897, duas páginas do “Foreign Mission Journal “ foram dedicadas ao Brasil como campo missionário da Junta de Richmond sob o título, “Nossa Missão Brasileira”. Conclui-se daí que a igreja de Santa Bárbara foi a primeira Missão d Richmond no Brasil e elegeu o Pastor Elias Hoton Quillin, o segundo pastor da igreja em Santa Bárbara, seu representante, embora não tenha assumido compromisso financeiro com o pastor nem com a igreja. Diante deste novo desafio, a Junta enviou um casal de missionários para o Brasil com o propósito de ampliar este trabalho, o casal Bagby, estes chegaram ao nosso país em 2 de março de 1881, no Rio de Janeiro e se dirigiram para Santa Bárbara onde se tornaram membros da Primeira Igreja Batista. Com o pedido de exoneração do pastor Quillin, William B. Bagby assumiu o pastorado em 25 de maio de 1881. Um ano após isto, mais um casal de missionários veio juntar-se à obra realizada no Brasil, Zacarias Clay Taylor e Katherine Steves Crawford Taylor. Dirigiram-se também para Santa Bárbara onde se uniram aos Bagby na Primeira Igreja. Curioso observar que em 12 de março de 1882, Zacarias C. Taylor pregou seu primeiro sermão na igreja. Outro homem importante para a nossa história pioneira é o ex-padre Antônio Teixeira de Albuquerque que foi, até prova em contrário, o primeiro batista brasileiro e também o primeiro Pastor Batista no Brasil, seu batismo e ordenação foram realizados em Junho de 1880. Sua vida foi essencial para a ampliação do trabalho Batista no Brasil, apoiando os missionários americanos na implantação de uma nova frente missionária na Bahia. Tendo, portanto, o desejo de plantar uma nova igreja em uma cidade que possuía uma posição estratégica, o casal Bagby, junto com os Taylor e Teixeira de Albuquerque partiram para a Bahia, onde, em 15 de outubro de 1882, organizaram a Primeira Igreja Batista da Bahia, sendo esta a terceira igreja batista organizada no Brasil, todos vinham com cartas de transferência das duas igrejas de Santa Bárbara, a Primeira e a da Estação. Na Bahia, o trabalho de evangelização teve um crescimento gradual, tendo como primeiros convertidos, três mulheres: Emilia, empregada da família Bagby, Francisca, a esposa do ex-padre Albuquerque, e Mary O’Rorke, uma irlandesa que aparentemente era ama da primogênita dos Bagby, foi na Bahia, ainda, que surgiu o segundo pastor batista brasileiro, João Batista, um latoeiro convertido pelo missionário Taylor, que lhe entregara uma Bíblia em sua funilaria. Ele logo se tornou um profundo conhecedor da Bíblia e um evangelista nato.

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Momentos Importantes dos Batistas Brasileiros... Alguns fatos forma importantes para a formação da nossa denominação, e, por isso, mencionamos alguns deles: Em 22 de Junho de 1907, na Bahia, foi aberta a primeira Assembléia da Convenção Batista Brasileira, os mensageiros enviados eram em número de 43 pessoas. Bagby deu início à reunião como presidente provisório, e se encontrava profundamente emocionado com este evento e com o crescimento do trabalho Batista no Brasil. Convém ressaltar que a idéia de organizar e estruturar o trabalho batista neste momento nasceu no coração de um outro líder para os batista no Brasil, Salomão Ginsburg, um judeu filho de rabino e de origem polonesa, que se tornou batista em 1891, com 24 anos de idade sendo batizado por Zacarias Taylor e, posteriormente, consagrado ao ministério pastoral. A primeira diretoria eleita da recém fundada Convenção Batista Brasileira, na Bahia, foi: Presidente – Francisco Fulgêncio Soren, 1° Vice-presidente – Joaquim Fernandes Lessa; 2° Vice-presidente – João Borges da Rocha; 1° Secretário Teodoro Rodrigues Teixeira; 2° Secretário – Manoel I. Sampaio; tesoureiro – Zacarias C. Taylor. Já nesta primeira Convenção, um dos assuntos tratados foi a abertura do trabalho missionário no Brasil e no exterior, tendo como alvos estrangeiros, Portugal, Chile e África. Na área da educação, os batistas tiveram grandes homens e mulheres envolvidos. Um deles foi John Watson Shepard (1879-1954). Enviado pela Junta de Richmond, ele chegou ao Brasil em 1906, tinha o sonho de, nos terrenos adquiridos no Rio de Janeiro, no bairro da Tijuca, fundar um dia a Universidade Batista. Embora não tenha conseguido realizar este intento, foram inaugurados o Colégio e o Seminário do Rio em 1908, que atualmente, são conhecidos como Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil e Colégio Batista Shepard. Infelizmente teve que se retira do Brasil em 1931, após retornar de suas férias nos Estados Unidos, devido a perseguições de ordem administrativa por parte do próprio Seminário.

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O primeiro missionário batista no Brasil... Embora a organização de uma igreja batista em solo brasileiro só tenha ocorrido em 1871, o pioneirismo missionário já havia dado seus primeiros passos através da vida de um homem que chegou ao Rio de Janeiro em 1860, Thomas Jefferson Bowen (1814-1875). Podemos dizer, sem ressalvas, que ele e sua esposa foram os primeiros missionários batistas no Brasil, enviados pela agência missionária de Richmond. Bowen tinha sido enviado antes à Nigéria, mas, devido a problemas de saúde, solicitou a sua transferência para o Brasil. Devido ao fato de ter aprendido a língua ioruba, começou o seu trabalho junto a escravos, causando dificuldades junto às autoridades locais. Devido a isto, mais problemas de saúde, retirou-se do país sem conseguir dar continuidade ao trabalho missionário. Retornou aos EUA em 9 de fevereiro de 1861. Somente com a chegada dos imigrantes americanos a Santa Bárbara, São Paulo, é que se pode falar do início de uma igreja em solo brasileiro.

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A Primeira Igreja Batista no Brasil... Podemos dizer que a organização da Primeira Igreja Batista no Brasil aconteceu de forma espontânea, uma vez que está ligada o estabelecimento das famílias norte americanas em Santa Bárbara. Estes cristãos se organizaram em igreja com cartas de transferência trazidas de seu país, sem nenhum planejamento prévio. Desta forma, o trabalho iniciado anteriormente por Bowen foi concretizado pelas famílias que estavam no Brasil para iniciarem uma nova vida. Pessoa importante para o início deste trabalho foi o pastor Richard Ratcliff. Ele e sua esposa chegaram ao Brasil em maio de 1867, junto com os demais emigrados dos EUA. Teve cinco filhos, todos nascidos no Brasil. Para formar uma igreja batista, passou algum tempo preparando o grupo e tomou medidas para ser aceito pelas autoridades brasileiras, como se registrar na Secretaria do Império nos termos do Decreto Imperial n° 1144 de 1861. Ao que parece, conseguiu realizar este intento, uma vez que foram encontrados registros de casamentos feitos por ele. Foi ele, portanto, o 1° Juiz de Paz, entre os batistas no Brasil, o que o inclui na vida civil do País. Quanto ao local da fundação da 1ª Igreja Batista, pode-se conjecturar duas possibilidades: Na casa do Pr. Ratcliff ou na casa do John Absalon Cole. Tanto o Pr. Ratcliff como a igreja, estavam preocupados com a expansão do trabalho. Infelizmente, contavam com algumas dificuldades como o uso da língua inglesa, que dificultava a evangelização entre os brasileiros. No entanto, era esta uma igreja com coração missionário, uma vez que sua primeira solicitação à Junta de Richmond para o envio de missionários já data do ano de 1873. A seguir, a transcrição de parte desta solicitação: “que a 12 de outubro de 1872, a Igreja, em sessão, aprovou a seguinte proposição, a saber: que o irmão R. Meriwether; R Brodnax e D. Davis fiquem incumbidos de se comunicar com a Junta Batista de Missões Estrangeiras em Richmond, Va., solicitando que seja estudada a vinda de missionários pare este País”. Tal sessão ocorreu em 12 de Outubro de 1872, demonstrando a preocupação da Primeira Igreja com a evangelização dos brasileiros. Infelizmente, o Pr. Ratcliff saiu do Brasil em 1878 devido ao falecimento de suas esposa, tendo sido pastor desta Primeira Igreja Batista de brasileira por cerca de 8 anos. Quem o sucedeu foi o Pr. Elias Hoton Quillin, que seria também o pastor da segunda igreja. Durante seu pastorado, a igreja enviou nova solicitação à Junta de Richmond em 1879, contando agora com o apoio do Pr. Ratcliff que já se encontrava nos EUA. Graças a isto, a Junta decidiu nomear a 1ª Igreja Batista em Santa Bárbara como sua Missão, e o Pr. Hoton Quillin como seu missionário. Cumpre ressaltar que tanto a Missão como o pastor, teriam sustento próprio. Desde então, a Junta passou a chamar a 1ª Igreja como “nossa Missão”, mesmo com a chegada do casal Bagby.

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A Igreja Batista da Estação... em novembro de 1879, foi organizada a Igreja Batista da Estação, filha da 1ª Igreja Batista em Santa Bárbara e a segunda Igreja Batista em solo brasileiro. Seu organizador foi o pastor Hoton Quillin, que tinha em seu rol de membros 12 pessoas. É bem provável que tenha sido organizada na casa do diácono Pleasnt M. Fenley. Provavelmente para um melhor trabalho missionário entre os brasileiros. Aí surge a participação de Antônio Teixeira de Albuquerque, que veio a fazer parte da mesma desde 1880, sendo consagrado ao ministério e passando a auxiliar o Pr. Quillin. Com sua consagração, Albuquerque e o Pr. Quillin foram para Piracicaba, a fim de organizarem a terceira Igreja Batista juntamente com uma escola. No entanto, o plano não foi concretizado devido a divergência entre os dois. Tão grave foi o problema que o Pr. Quillin se afastou do pastorado da igreja da Estação, passou sua direção à liderança do Robert P. Tomas. Não sabemos qual o motivo da contenda; no entanto temos informação de que o assunto foi resolvido, pois quando Bagby chegou, informou que o problema já se encontrava encaminhado. No entanto, tal incidente deixou suas marcas, pois a Igreja da Estação já não contava com seu entusiasmo inicial. O Pr. Baby sugeriu, portanto, a dissolução da igreja, para que seus membros voltassem à 1ª Igreja. Sabemos que quatro aceitaram, no entanto não temos a data do fim de suas atividades. É bem provável que tenha durado pouco tempo, uma vez que, sem uma liderança firme, se viu obrigada a encerrar suas atividades. O ponto mais importante desta igreja foi, sem dúvida, a consagração do Pr. Antônio Teixeira de Albuquerque, uma vez que este foi o primeiro pastor batista brasileiro, sendo um marco em nossa história. Ele auxiliou o casal Bagby e o casal Taylor na implantação da 1ª Igreja Batista em Salvador, na Bahia, organizada em 15 de outubro de 1882, todos estes pioneiros, ao fundarem a igreja na Bahia trouxeram suas cartas de transferência das Igreja Batista em Santa Bárbara, em São Paulo.

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Padre Antônio Teixeira de Albuquerque... o nascimento de Antônio Teixeira de Albuquerque é dado como tendo sido em 15 de Abril de 1840, em Maceió, Estado de Alagoas. Era filho único de Felipe Ney de Albuquerque e Helena Mara da Conceição. A vida escolar de Albuquerque teve início em Maceió. Indo mais tarde, por imposição de seu pai, para o Seminário Católico de Olinda, Pernambuco. Estudou neste local, terminando seu curso em 1871. Para agradar o seu pai que desejava vê-lo como sacerdote católico, foi para o Ceará onde foi ordenado padre em 30 de novembro de 1871. seu nome aparece como sacerdote no Almanaque de Alagoas, no ano de 1873. no entanto, já estava tomado de dúvidas, deixando posteriormente o sacerdócio. Casou-se então com a jovem Senhorinha de Jesus, em 7 de agosto de 1878, no Recife, Pernambuco. O oficiante do casamento foi o missionário presbiteriano Reverendo John Rockewll Smith. No seu texto “Razões porque deixei a Igreja de Roma”, o próprio Teixeira menciona seu casamento: “depois de corridos os proclamas, de conformidade com a lei do Império, fui casado às 7 horas da noite, pelo Reverendo Smith, Ministro Evangélico, na presença de mais de cem pessoas, com toda a atenção e calma”. Tal declaração demonstra o quanto este fato foi importante para o ex-padre a respeito de sua nova fé.

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Das dificuldades ao pastorado... Diante da atitude do filho, seu pai o abandonou e o deserdou, revoltado cm tal decisão, em março de 1879, ele o sua família chegavam ao Rio de Janeiro sendo acolhidos pelo missionário metodista J.J. Ransom. Uniu-se então à Igreja Metodista do Catete, sendo acompanhado pela esposa. Dirigiu-se depois para Piracicaba, São Paulo, a fim de ajudar o Reverendo Junius que tinha começado uma pequena escola. Entrando em contato com os batistas de Santa Bárbara, desejoso de unir-se a um grupo com o qual pudesse testemunha sua fé, deixou os metodistas e uniu-se aos batistas. Foi acolhido pelos batistas de Santa Bárbara, dando sua profissão de fé em 20 de junho de 1880, sendo batizado e consagrado no mesmo dia. O fato de ser um ex-sacerdote católico sem dúvida trouxe grande publicidade a este evento reunindo os membros das duas Igrejas Batista, em Santa Bárbara. Na época, o pastor das duas Igrejas era Elias Hoton Quillin que, junto com o Pr. Robert Porter Thomas realizaram o concílio e a consagração de Albuquerque. Por este tempo sua esposa encontrava-se internada num Asilo para doenças mentais, na capital de São Paulo. Sem dúvida, as dificuldades e o sofrimento levaram-na a este estado. Ficou neste local por cerca de um ano. Tendo Albuquerque que assumir a responsabilidade por seus filhos, que nesta época ainda eram pequenos. Ensinando em Piracicaba e depois em Capivari, obtinha algum recurso para manter a sua família.

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Desentendimentos e um Novo campo missionário... Apesar de suas dificuldades, a paixão missionária não diminuiu em Albuquerque e, juntamente, com o Pastor Quillin foram para Piracicaba com o propósito de ali organizar uma igreja batista e uma escola. No entanto, houve um estremecimento entre esses dois servos de Deus. Assim como o Apóstolo Paulo e Barnabé, no livro de Atos. Aparentemente foi algo que deixou mágoas. O Pr. Quillin exonerou-se do pastorado da igreja da Estação, e Teixeira retirou-se para Capivari. Uma comissão de membros da igreja da Estação foi nomeada para solucionar o mal-entendido. Felizmente tudo chegou a uma solução com pedidos de perdão mútuos. Em Capivari, Albuquerque ficou aguardando as decisões da comissão e, com a chegada do casal Bagby, se viu diante de um novo desafio: a plantação de uma nova igreja batista. A estada dele em Santa Bárbara, foi de cerca de dois anos. Neste tempo pregava na região. Com a chegada de um novo casal de missionários, os Taylor, Teixeira e o casal Baby partiram para a Bahia onde iniciaram a plantação de nova igreja. Teixeira pregava à noite, uma vez que era o único que sabia falar o português adequadamente. Começaram também a evangelizar nas ruas com um Novo Testamento no bolso e, diante de muita oração e esforços, foram alcançando mais pessoas para o evangelho de Jesus Cristo. Depois da Bahia, partiu para Maceió com o desejo de, neste local, plantar uma nova igreja, juntamente com sua esposa. Por meio de um opúsculo intitulado “três razões porque deixe a Igreja de Roma”, começou o seu trabalho de evangelização. Só pela leitura do texto, umas 50 pessoas se puseram a estudar a Bíblia e se comunicarem com a Missão na Bahia, pedindo a presença do ex-padre. Contou ainda com a felicidade de ter um amigo como co-fundador da Igreja em Maceió, Wandragésilo Melo Lins. Este, antes, o havia ajudado. Freqüentava a Igreja Presbiteriana, mas não se unira a ela por não concordar com o pedo-batismo. Conversando com Taylor, decidiu por tornar-se batista e foi um dos que fundaram a Igreja Batista em Maceió, com Antônio Teixeira de Albuquerque o seu pastor, que veio a batizar seus próprios pais, ficando no pastorado até sua morte em 1887. Ao tempo de seu falecimento, os missionários Bagby e Taylor encontravam-se nos EUA. O missionário C. D. Daniel ficou encarregado pelo trabalho na região, comunicando à Junta de Richmond. A viúva e os cinco filhos permaneceram em Macio, sendo ajudados por um e outro. Diz-se que sua filha mais velha foi para os EUA e lá se casou permanecendo neste país. Sua segunda filha não se casou, vindo a falecer no Rio de Janeiro em 1967. Seus outros filhos, Antônio, Pedro e João casaram-se tendo deixado descendentes que estão vivos até o dia de hoje, em 1982.

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Origem da Convenção Batista Brasileira... Em 1882, quando foi organizada a Primeira Igreja Batista, voltada para a evangelização do Brasil, já existiam duas outras igrejas batistas, organizadas por imigrantes norte-americanos, residentes na região de Santa Bárbara do D'Oeste e Americana, São Paulo. Os casais de missionários batistas norte-americanos, recém chegados ao Brasil, Willian Buck Bagby e Anne Luther Bagby, os pioneiros; e Zacharias Clay Taylor, Kate Stevens Crawford Taylor, auxiliados pelo ex-padre Antônio Texeira de Albuquerque, batizado em Santa Bárbara D'Oeste; decidiram iniciar a sua missão na cidade de Salvador, Bahia, com 250.000 habitantes. Ali chegaram no dia 31 de agosto de 1882 e no dia 15 de outubro, organizaram a PIB do Brasil com 5 membros; os dois casais de missionárias e o ex-padre Antônio Teixeira. Este foi o início... Nos primeiros vinte e cinco (25) anos de trabalho, Bagby e Taylor auxiliados por outros missionários e, por um número crescente de brasileiros, evangelistas e pastores, já tinham organizado 83 igrejas, com aproximadamente 4.200 membros. Organização da Convenção... Segundo José dos Reis Pereira, Salomão Ginsburg foi a primeira pessoa a pensar na organização de uma Convenção Nacional dos Batistas Brasileiros. Mas, somente em 1907, a idéia foi concretizada. A. B. Deter, Zacharias Taylor e Salomão Ginsburg concordaram em dar prosseguimento ao plano. Eles conseguiram a adesão de outros missionários e de líderes brasileiros, inclusive Francisco Fulgêncio Soren, que tinha, inicialmente, algumas reservas. A comissão organizadora optou pela data de 22 de junho de 1907 para organizar a Convenção, na cidade de Salvador, quando transcorreriam os primeiros 25 anos do início do trabalho batista brasileiro, também começado na referida cidade. No dia aprazado, no prédio do ALJUBE, onde funcionava a PIB de Salvador, em sessão solene, foi realizada a primeira Assembléia da Convenção Batista Brasileira, composta de 43 mensageiros enviados por Igrejas e organizações. A casa estava cheia. O clima era de festa, celebrando o que Deus fizera a partir daquele início tão pequeno! Criada a Convenção, foi eleita sua primeira diretoria: Presidente - Francisco Fulgêncio Soren; 1º Vice-presidente - Joaquim Fernandes Lessa - 2º Vice-presidente - João Borges da Rocha; 1º Secretário - Teodoro Rodrigues Teixeira; 2º Secretário - Manuel I. Sampaio; Tesoureiro - Zacharias Taylor. A motivação básica da criação da Convenção foi missões e falava-se na evangelização de Portugal, do Chile e da África. Foram criadas além das duas Juntas Missionárias, Missões Nacionais e Missões Estrangeiras (hoje Missões Mundiais) outras juntas: para a Casa Publicadora Batista, para Escola Bíblica Dominical, para União de Mocidade Batista, para Educação e Seminário, e para a Administração do Seminário. Ao todo 7 Juntas. As áreas de Missões, Educação Religiosa e Publicações, Educação Teológica e Educação, foram as que receberam maior atenção dos convencionais.
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Os Batistas e as Missões... Missões locais, nacionais e mundiais empolgaram o coração do povo batista brasileiro e a obra se expandiu por todo o território pátrio e se espalhou pelo mundo, como se pode ver hoje.

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Os Batistas e a Educação... A educação é uma marca visível do povo batista. Sua paixão pelo estudo da Bíblia desenvolveu o interesse pela educação religiosa, cultivada nas igrejas através das organizações de treinamento e da EBD. Os templos se tornaram verdadeiros complexos educacionais. Com a Educação Religiosa veio a Educação Teológica. Inicialmente através de aulas dadas pelos missionários em suas casas, depois surgiram os Seminários: Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil, organizado em Recife, PE, por Salomão Ginsburg, em 1º de abril de 1902, e o Seminário Teológico Batista do Sul, fundado pelo missionário John Watson Shepard, na cidade do Rio de Janeiro, 1908. A estes dois Seminários, formam agregados dezenas de outros espalhados por todo o país, com milhares de alunos. A Educação chamada de geral, ou secular, teve a mesma origem, o desejo de abrir oportunidades para o estudo da juventude e, de criar uma escola com capacidade para exercer influência sobre a sociedade brasileira. O Colégio Taylor Egídio fundado em Salvador pela senhora Laura Taylor e pelo Capitão Egídio Pereira de Almeida foi o primeiro a vingar. Em 1922 ele foi transferido para a cidade de Jaguaquara, onde existe até hoje. (4) Depois dele, e por causa dele, vieram o Colégio Batista Brasileiro de São Paulo; Colégio Americano Batista do Recife; Instituto Batista Industrial em Corrente, Piauí; Colégio Americano, em Vitória; Colégio Batista Shepard no Rio de Janeiro; Colégio Batista Alagoano em Alagoas; Colégio Batista Fluminense em Campos, RJ; Colégio Batista Mineiro, em Belo Horizonte. Além destes Colégios dezenas de outros foram organizados com a ajuda dos missionários ou por iniciativa de igrejas, Convenções estaduais e de particulares batistas. A contribuição dos batistas na área educacional é realmente notável, considerando tanto a qualidade quanto a quantidade. Hoje, perto de dois milhões de brasileiros, já passaram pelas escolas batistas.
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Lutas e Problemas... Nem tudo são flores na caminhada da obra batista do Brasil e da Convenção. Ela tem atravessado problemas administrativos sérios, ameaças de divisão, e questões doutrinárias. Porém tornou-se centro de vida batista brasileira e da motivação do trabalho realizado em todo o território nacional.
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A Convenção é um fator de Convergência e de União...
As igrejas se filiam à Convenção voluntariamente, aceitam sua declaração doutrinária e seu programa cooperativo e se comprometem a apoiar e trabalhar pela expansão do Reino de Deus no Brasil, no mundo. Unidos em torno da Palavra de Deus, a Bíblia Sagrada, e da pregação do Evangelho, as 6.000 igrejas cooperantes ampliam seu raio de ação inclusive, pela organização de cerca de centenas de igrejas cada ano e pela evangelização de milhares de pessoas que se convertem e são batizadas. A Convenção tem encontrado na cooperação dos pastores e leigos, homens e mulheres, na submissão ao Espírito Santo, sabedoria para organizar seus planos e aceitar os desafios da comunicação do evangelho.
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A Convenção Batista Brasileira comemorou em 1997 90 anos... Os batistas brasileiros podem agradecer a Deus pela realidade que é a CBB e celebrar sua existência com alegria. Estamos celebrando aquilo que é mais forte na denominação, o espírito cooperativo, motivado e alimentado pela Convenção, que coloca diante das igrejas de forma realçada, os objetivos do serviço e da adoração a Deus. Lembrando permanentemente a missão de pregar o Evangelho até os confins da terra. Noventa anos de histórias e de lições, que abrem caminho para o futuro de união, cooperação e de serviço para a glória de Deus. A história nos diz que podemos, com confiança em Deus, prosseguir para o alvo pelo prêmio da soberana vocação, de continuar servindo a Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo (Fil. 3:14). Chegar ao início do século XXI e do 3º milênio com desafios audaciosos em seu planejamento e seus realizados, como é o caso do Portal Batista, que você está visitando e que o manterá informado quanto a contribuição que ela continua dando ao povo batista e ao povo brasileiro.