Por que as igrejas batistas brasileiras estão deixando de ser batistas?
Pr Dinelcir de Souza Lima
Vivemos tempos de descaracterização das igrejas batistas brasileiras. Já não conseguimos mais ter uma identificação e não podemos dizer a uma pessoa que está sendo evangelizada para procurar uma igreja batista perto de sua casa porque lá estará aprendendo a Palavra de Deus e estará sendo orientada à prática de um cristianismo autêntico conforme os ensinamentos de Jesus e seus apóstolos. Poderemos estar incorrendo no erro de “empurrar” a pessoa a uma igreja que se diz batista, porém com práticas completamente distanciadas das doutrinas bíblicas.
Hoje vemos cultos “batistas” cheios de gritarias, de falação de línguas estranhas, de derramamento de litros e mais litros de “óleo ungido” sobre pessoas e coisas, de palavras declarativas de poder, de gestos com as mãos para recebimento de poder, de pregações de uma “Palavra de Deus” distorcida, adaptada aos gostos das massas pecadoras e agarradas ao pecado.
Dificilmente se ouvem mensagens de santificação conforme os ensinamentos do Senhor Jesus, ninguém quer pregar reconhecimento de pecado e arrependimento. Há uma intensa atividade para se atrair pessoas para “entrarem para a igreja” através de agrados sociais, atividades lúdicas, ou promessas de uma prosperidade financeira sem limites.
Igrejas “batistas” estão cheias de membros sem conversão. Igrejas “batistas” serão colocadas junto com seus pastores à esquerda do Senhor Jesus no último dia e, surpresos, os seus membros ouvirão o Senhor dizer: Nunca vos conheci, apartai-vos de mim vós que praticais a iniqüidade. Sim, porque o único lugar que restará para aqueles que “entraram” para a igreja sem se converterem será o inferno, o lugar preparado para o diabo e seus anjos.
Por que chegamos a este ponto?
Porque um dia demos lugar ao diabo e ele veio travestido da liberalidade teológica.
De repente nossos Seminários da CBB foram dominados por teólogos liberais que se dedicaram intensamente à disseminação da incredulidade quanto à Bíblia e, consequentemente, quanto ao Senhor Jesus, Deus Pai e Deus Espírito Santo. Não ficaram somente nos Seminários, formando pastores incrédulos, mas avançaram também em nossa Editora da CBB e passaram a difundir a teologia liberal entre os membros das igrejas batistas.
A década de 1980 foi decisiva para isto. Na década de 1990 tudo já estava definido. Nos Seminários já não existiam mais lugares para professores conservadores, crédulos na Palavra de Deus escrita, que eram zombados e alcunhados de fundamentalistas.
Hoje, certamente, os Seminários não contam mais com as bênçãos de Deus. Como poderia Ele abençoar instituições que ensinam que a Bíblia não é a Palavra dEle? Como poderia abençoar instituições que procuram destruir as Escrituras, fruto da Inspiração do Espírito Santo e da dedicação de tantos servos fiéis do passado? Por isto os Seminários buscam se firmarem no marketing, no secularismo, na sociologia, psicologia, pedagogia e outras ciências humanas mutáveis, passageiras e frágeis.
E o que a Teologia Liberal ensina principalmente? Quais são os pressupostos básicos que são ensinados aos batistas hoje?
1. A Bíblia não é a Palavra de Deus. Apenas contém. Cabe ao homem examinar e descobrir o que é ou não é Palavra de Deus (o homem se torna juiz, estabelecendo o que deve considerar ou não conforme os seus interesses pessoais). A Bíblia foi relativizada.
2. A Bíblia contém ensinos ultrapassados e tendenciosos a costumes sociais dos tempos e lugares de cada autor. Os textos precisam ser contextualizados. O que era pecado no passado não é pecado atualmente. O que é pecado em uma cultura não é pecado em outra cultura. A Bíblia continuou sendo relativizada.
3. Nem tudo que está na Bíblia é verdadeiro. Algumas histórias são fruto de crendices populares, ou fruto da imaginação de escritores, outras historietas inventadas (mentiras) somente a título de ilustração. Naamã não teria sido curado da lepra, o Mar Vermelho não teria sido aberto por milagre de Deus, as águas no Egito não se teriam transformado em sangue, o ferro do machado não teria flutuado, Jesus não teria nascido de virgem, não teria andado sobre o mar, não teria ressuscitado mortos e nem mesmo teria ressuscitado. As parábolas de Jesus são historietas inventadas apenas para algum tipo de aplicação moral. A Bíblia foi considerada um livro cheio de mentiras.
4. Não há o pecado original passado de Adão e Eva a toda a humanidade.Para os teólogos liberais o homem nasce sem pecado e, se permanecer sem pecado, pode ser salvo por nunca ter pecado. Foi inclusive a partir deste pensamento que surgiu nos EUA a Educação Religiosa, que visava ensinar as crianças a viverem sem pecar para poderem chegar à salvação.
5. Jesus não morreu pelos pecados do ser humano, mas somente porque os judeus o levaram à morte por causa toda uma conjuntura política. Crêem que se não há pecado original, não há morte vicária porque cada um tem que se esforçar para viver perfeitamente até alcançar a salvação.
6. Jesus foi apenas um modelo de vida moral perfeita para ser copiado por todos que querem ser salvos. Dedicam-se a ensinar o que Jesus ensinou a respeito do amor ao semelhante com a finalidade de que a sociedade atinja um padrão moral elevado. Crêem que outros líderes religiosos tais como Buda, Gandi, e outros, também foram padrões de moralidade elevados e que precisam ser copiados. Por isso crêem que existe salvação em outras sociedades sem a crença em Jesus Cristo como Salvador, sem arrependimento dos pecados, sem entrega de vida a Jesus.
7. Jesus não voltará para julgar a humanidade. O Apocalipse e os ensinamentos escatológicos de Jesus teriam sido para aquela época, de grandes maldades e devassidões. Crêem que a Igreja há de transformar o mundo (daí nossas Juntas se dedicarem tanto a temas sobre transformação do mundo e impactação de sociedades) e, quando Cristo voltar encontrará a terra transformada e em paz, vivendo um padrão moral perfeito. O mundo, então, não precisará ser destruído.
Tudo isto chegou ao Brasil através de missionários americanos, se enraizou em nossos Seminários e se espraiou por igrejas batistas brasileiras, fazendo com que nos tornássemos uma denominação de incrédulos quanto à Bíblia; de igrejas inoperantes na evangelização verdadeira de anunciação de reconhecimento de pecado, arrependimento e entrega de vida a Jesus; de igrejas e instituições completamente voltadas para a transformação social e dedicadas somente ao ensino moral; dedicadas aos shows para atrair e agradar aos que “entram” para a igreja.
E onde ficam tantas práticas místicas sem respaldo bíblico?
Nenhuma religião subsiste sem o aspecto espiritual. Não existe religião materialista. E como poderiam os pastores se manter em instituições completamente materialistas? As pessoas não satisfariam somente com ensinamentos morais e com ações sociais. Tirada a Bíblia, inspirada pelo Espírito Santo, fica um espaço espiritual completamente vazio. Assim as igrejas batistas estão se transformando em pequenos grupos de religiões animistas com xamãs, fetiches, rituais de purificação, tabus, evocação de espíritos, totens, etc.
A Teologia Liberal tirou a Bíblia, tirou a salvação pelo sangue de Jesus Cristo, e fez as igrejas batistas se transformarem em instituições religiosas semelhantes aos centros espíritas, ou ao catolicismo, cheias de boas obras, sem salvação, e cheias de misticismo que passa longe das Escrituras.