Pr. Antônio Carlos Costa: A CRISE LITÚRGICA DO EVANGELICALISMO BRASILEIRO |
O que está errado com a nossa liturgia? 1. Pastores mal preparados teológica e intelectualmente trazem para milhares de almas ávidas pela verdade mensagens carentes de conteúdo, desprovidas de originalidade e pobres de aplicabilidade. Um desperdício quase que sem paralelo na história do cristianismo - milhares e milhares de homens e mulheres que poderiam ter suas vidas transformadas para sempre pela pregação, perecendo sob púlpitos carentes de fogo (poder) e luz (teologia). 2. Músicos que falam mais do que o pregador, cantando canções de conteúdo fraco e melodia pobre. 3. Som excessivamente alto, acompanhado de falhas e ruídos insuportáveis. 4. Arquitetura feia, paredes descascadas, acústica péssima, iluminação de escritório (as terríveis lâmpadas fluorescentes) e muito calor. Nossos templos são um horror. 5. Muita dança, barulho, coreografia e pouca Bíblia. 6. Muita atividade humana e pouca presença divina. Nossos cultos estão carentes de transcendência. 7. Culto longos - com extensão de tempo somente aprazível em períodos de avivamento e grande graça de Deus na igreja - só que não estamos passando por nenhum pentescoste e grande parte do tempo é desperdiçada em avisos longos, piadas fora de hora e homenagens a gente que ameaça sair da igreja se não for tratada com deferência.. 8. Impontualidade. Tanto quanto ao início da culto quanto ao encerramento. 9. Liturgia orientada sociologicamente (leis do mercado religioso), em vez de regulada teologicamente (Deus sendo adorado segundo a norma da sua Palavra). Os bodes são entretidos e as ovelhas são subalimentadas. Idolatria não é só adorar a um Deus falso, significa também adorar o Deus verdadeiro de modo oposto ao prescrito pela Escritura Sagrada. 10. Falta de lágrima. Não há espanto, senso de maravilha e batismo com o Espírito Santo. Em algumas igrejas, o formalismo que apaga o Espírito - o medo de avivamento e preocupação com respeitabilidade - em outras igrejas, a informalidade que melhor expressa a falta de temor de Deus do que intimidade com o Criador acompanhada de grande compreensão da liberdade que temos em Cristo. Não sei como as pessoas voltam para as suas igrejas domingo após domingo. É um mistério. O crescimento da igreja no Brasil é algo que se dá sem relação com a qualidade das nossas igrejas. Tenho conhecido pessoas nesses últimos dias que não consigo imaginar participando da maioria dos cultos evangélicos do nosso país. Elas nos teriam como loucos. O propósito desse artigo não é desencorajar, pois reforma e avivamento são sempre possíveis. Podemos retornar à verdadeira doutrina que regula o verdadeiro culto cristão (reforma). Podemos voltar à verdadeira vida cristã que pode resultar do derramamento do Espírito Santo sobre a vida de vários crentes ao mesmo tempo (avivamento). Aí o culto vai ser longo e poderá até mesmo não ter hora para terminar - não porque ficamos friccionado as pedras do altar para produzirmos o fogo que é fruto da engenhosidade humana, mas porque algo veio de cima para baixo e tomou a todos, enchendo-os de alegria indizível e cheia de glória. O espírito desse texto não é rancoroso. Quando falo de igreja que visitei, falo de gente que por me amar me convidou para pregar o evangelho. O que me traz pesar é ter que num culto em que participo, abstrair-me de tudo o que está acontecendo, fazendo minha liturgia pessoal, para não perder meu tempo em reuniões que não edificam. Fico atônito por saber que, muita gente que conheço, dificilmente não se sentiria intelectualmente desrespeitada caso visitasse a maioria das nossas igrejas, pois parece que, nós pastores, julgamos que quem participa de um culto evangélico só pode ser um idiota - caso contrário não trataríamos como tal quem visita a nossa igreja para encontrar resposta para os dramas da existência. A reforma litúrgica das nossas igrejas é mais urgente, acima de tudo, por causa da beleza do evangelho que pregamos e majestade do Deus a quem cultuamos. Não podemos emitir nota dissonante em nossos cultos - por um lado afirmar que estamos ali para ouvir uma mensagem sublime e adorar um ser cuja imensidade não pode ser contida pelo céu dos céus, e, por outro lado, participarmos do culto como se estivéssemos reunidos para ouvir uma mensagem banal e adorar uma divindade qualquer do paganismo. Por isso, a Palavra de Deus, através da pena do apóstolo Paulo, nos adverte: "Que fazer, pois, irmãos? Quando vos reunis, um tem salmo, outro, doutrina, este traz revelação, aquele, outra língua, e ainda outro, interpretação. Seja tudo feito para edificação... tudo, porém, seja feito com decência e ordem" (I Co 14: 26, 40). ANTÔNIO CARLOS COSTA - Teólogo calvinista e presidente do Rio de Paz. Fonte: http://palavraplena.typepad.com/accosta/2009/08/crise-lit%C3%BArgica.html |
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