Substitua a plenitude do pecado pela plenitude do Espírito!

É impressionante a ênfase bíblica à plenitude do pecado na experiência humana. A linguagem usada é direta e explícita. A mensagem é sempre a mesma e sempre unânime, seja a que sai dos lábios dos profetas, dos lábios de Jesus ou dos lábios dos apóstolos. É difícil dizer qual delas é mais enfática, qual é a mais descontraída e qual é mais dura.

O livro de Eclesiastes diz que o coração humano “está ‘cheio’ de maldade e de loucura durante toda a vida” (Ec 9.3). Não está vazio, nem pela metade, mas cheio. Os Provérbios declaram que o esforço da ocultação do mal por meio de “uma camada de esmalte” não resolve nada. Embora a conversa do pecador seja “mansa”, não se deve acreditar nele, “pois o seu coração está ‘cheio’ de maldade” (Pv 26.23-25).

O livro do profeta Isaías começa com um discurso estarrecedor a respeito de Israel: as assembléias religiosas estão “‘cheias’ de iniqüidade” (1.13), as mãos dos que oram estão “‘cheias’ de sangue” (1.15) e a própria cidade de Jerusalém, antes cheia de justiça, agora está “‘cheia’ de assassinos” (1.21). A plenitude do pecado é tal que Israel é um “povo ‘carregado’ de iniqüidade” (1.4): “Da sola do pé ao alto da cabeça não há nada são” (1.6).

O discurso de Paulo aos Romanos não é menos dramático. Ao abordar a depravação da humanidade, o apóstolo afirma peremptoriamente que os seres humanos “tornaram-se ‘cheios’ de toda sorte de injustiça, maldade, ganância e depravação” e também “‘cheios’ de inveja, homicídio, rivalidades, engano e malícia” (Rm 1.29).

É preciso acordar para o fato e a evidência da plenitude do pecado na dolorosa experiência humana. Na análise de Elifaz, um dos três amigos de Jó, o ser humano “bebe iniqüidade como água” (Jó 15.16). E na análise de Jesus, é o que sai do homem, e não o que entra nele, que o torna “impuro”, pois o interior do seu coração está ‘cheio’ de tudo que é ruim e depravado: imoralidades sexuais, roubos, homicídios, adultérios, cobiças, maldades, invejas, arrogâncias etc (Mc 7.20-23).

A convicção da plenitude do pecado, o arrependimento e a fé em Jesus Cristo como Salvador e Senhor produzem a conversão do pecador. Uma vez convertido e justificado, o pecador torna-se templo do Espírito Santo. Abre-se então a possibilidade de o pecador substituir a desgraçada plenitude do pecado pela abençoada plenitude do Espírito Santo, não automaticamente, mas por meio do exercício sistemático de inclinar-se para o Espírito e não para a carne (Rm 8.1-11). Aquele que nasceu da água e do Espírito (o novo convertido) abre mão de tudo que leva à libertinagem e se deixa encher do Espírito (Ef 5.18). Porém, esse ainda não é o estágio final da salvação. Uma vez liberta da culpa do pecado, por meio da justificação, e da tirania do pecado, por meio da santificação progressiva, a nova criatura em Cristo terá de aguardar a libertação de todo vestígio do pecado dentro e ao redor de si, por meio da glorificação. Isso acontecerá com absoluta certeza por ocasião da parúsia de Jesus Cristo, com poder e muita glória, e da ressurreição do corpo.

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