Alexander da Silva Vasconcelos [1]
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Entre várias características, os Batistas crêem na Bíblia como única regra de fé e prática (Is 8:19,20; Gl 1:6-10; II Tm 3:14-17); no batismo de crentes após confissão pública de sua fé (Jo 4:1,2; Mt 28:18-20; Mc 16:15,16; At 2:37-41; 8:37), batizando a todos que vêm da ICR ou igrejas pedobatistas; na separação entre igreja e Estado (Mc 12:17; Lc 20:25; Rm 13:1-7), na ausência de hierarquia entre igrejas (analisar todas as referência a “igreja(s)” no NT, especialmente no livro de Atos); na instituição de somente 2 cargos eclesiásticos: pastor e diácono (Atos 6:1-7; 14:20-23; I Tm 3)... conseqüentemente Cristo é o único cabeça da igreja, única instituição por ele fundada (Mt 16:15-20; 18:15-20; Ef 1:18-23). Resumindo: “Rogo-vos, pois, eu, o prisioneiro do Senhor, que andeis como é digno da vocação com que fostes chamados, com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor, procurando guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz. Há um só corpo e um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação; um só senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos e em todos vós”. (Ef 4:1-6)
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Desde os tempos de Cristo, sempre existiram grupos que professaram este mesmo conjunto de doutrinas bíblicas (II Tm 2:1-13), apelidados de diversos nomes por seus opositores.[2]
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Os 1º “Batistas” após o período apostólico foram conhecidos por 4 nomes: Paulicianos (primeiramente no Oriente Médio e depois Europa Central e Alpes e Europa do Norte) , Montanistas (na Ásia Menor), Donatistas (no norte da África) e Novacianos (na Ásia Menor e Europa). Conhecidos também, de forma genérica, de “Anabatistas”, que significa “batizar outra vez”.
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Este “movimento” tem início cerca de 150 d.C. quando Montano e outros começaram a “batizar outra vez” aqueles que vinham das igrejas que criam em pelo menos 2 heresias: a regeneração batismal ou seja, a salvação pelo batismo e a hierarquização intra e inter-igrejas, iniciada por Clemente (95 d.C.), pastor da igreja de Roma, ao escrever carta à igreja de Corinto para tentar resolver um (outro!!!) problema ali existente.[3]
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Vários concílios de pastores foram convocados para analisar a situação: em Icônio, Frigia e 2 em Cartago (cerca de 225 d.C.), onde a decisão tomada foi a mesma, concordando com ela Tertuliano e outros pastores do norte da África, exatamente porque as igrejas erradas persistiram no erro. (II Ts 3:14,15; Tt 3:10,11). Oficialmente, este apelido foi-nos dado por Estevão, bispo de Roma, em 253 d.C. que movido por ambição, excomungou todos os bispos da Ásia e norte da África que persistiram em “batizar outra vez”, aplicando-lhes os termos rebatizadores e anabatistas.
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Voltando aos 4 grupos, falemos abreviadamente de cada:
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MONTANISTAS: iniciado por Montano, pastor na Frigia (Turquia) por volta do ano 150 d.C. espalhou-se pela Ásia Menor, África do Norte, tendo algumas igrejas grandes em suas fileiras, como a de Éfeso (Grécia). Tertuliano, o maior “pai da igreja”, maior defensor da Trindade, tornou-se montanista... As igrejas erradas reagiram: no concílio de Constantinopla (381 d.C. depois da “fusão” Estado + Igreja), os montanistas foram declarados pagãos e deviam ser julgados e mortos.
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NOVACIANOS: iniciada por Novácio, pastor na Ásia Menor em cerca de 250 d.C. Foram os primeiros a serem apelidados de “catharis” = puros!!! “Infectaram” a França, o que os conecta com os albigenses. Em 413 d.C. um edito de Teodósio e Honório condenou à morte os rebatizadores, iniciando uma perseguição que os levou aos vales do Piemont, Itália, conectando-os com os valdenses.
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DONATISTAS: iniciado por Donato, pastor na cidade de Cartago (Tunísia) em cerca de 310 d.C. O historiador Jones (Conferência Eclesiástica, vol I, pág. 474) afirma que “rara era a cidade ou vila na África em que não houvesse uma igreja donatista”. O mesmo Constantino, que encheu de favores a “igreja oficial”, condenou pessoalmente os donatistas em 316 d.C.[4] Isto os obrigou a fugir para as montanhas (na França e Itália), devido ao difícil acesso, uma proteção natural sem muitos atrativos para moradia, principalmente depois que os muçulmanos chegaram com a “espada de Ála” em 700 d.C.
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PAULICIANOS: em “História de Gibbon”, V, pág. 386, ele diz: “o nome pauliciano, dizem os seus inimigos que se deriva de algum líder desconhecido; mas tenho certeza de que os paulicianos se gloriariam de sua afinidade com o apóstolo aos gentios”!!! Na Enciclopédia Britânica, XVI, pág. 571, Wellhausen, em sua biografia sobre Maomé, afirma que os paulicianos – que se espalharam pela Síria, Palestina e Babilônia e que, por incrível que pareça, foram tolerados por muito tempo pelos maometanos – eram chamados de “sabian”, uma palavra árabe que significa “batista”!!! Foram fortemente perseguidos pela igreja ortodoxa grega, obrigando-os a viverem nas montanhas. A imperatriz Teodora instigou uma perseguição que culminou com a morte de 100.000 paulicianos na Armênia. Por volta do ano 1000, evangelizaram a Trácia, Bulgária, Bósnia, Sérvia e de lá, a Itália (Lombardia e Milão), França, Alemanha, onde passaram a ser conhecidos por cátaros, búlgaros e albigenses.[5]
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Após os 4 grupos primitivos de anabatistas, os albigenses é o primeiro a se destacar como seus descendentes. Já se notou que os montanistas, donatistas e novacianos, após a investida de Roma e Constantinopla[6] sobre eles, foram obrigados a se refugiar na região dos Pirineus, sul da França. Também os paulicianos, a partir do século IX, fixaram-se nestes lugares. Estes são os albigenses, por que do lado francês dos Pirineus estava a pequena vila de Alby na província de Albigeo, onde chegaram estes 4 grupos e, por sustentarem posições bíblicas idênticas, misturaram-se num todos harmonioso, tornando-se conhecidos por Albigenses, vila perto da qual moravam. Dr. Allix nos diz que se concedermos 800.000 professos para os berêngios (albigenses) e dermos a cada professo 3 aderentes o total perfaz 3.200.000 pessoas sustentando idéias bíblicas.
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Em 1167, na cidade de Toulouse (França), aconteceu o chamado “concílio albigense” onde seu decidiu organizar a “quarta cruzada”, contra os anabatistas de Albi. Esta cruzada foi posta em vigor pelo papa Inocêncio III (1198-1216), chacina na qual, centenas de milhares de albigenses – também chamados de “cátaros” (“puros” em grego) e “bons homens” – foram assassinados. Em 22/07/1209, quase toda população de Béziers foi massacrada. Os sucessores de Inocêncio continuaram a perseguição exterminando os últimos Albigenses, que se haviam refugiado em Montségur. O escritor Nicolas Poulain assim descreveu o fato: “a 16/03/1244, os sitiadores preparam uma enorme fogueira no sopé do rochedo de Montségur. Então, os 200 sobreviventes saíram do refúgio e desceram em lenta procissão até seus carrascos. Os sãos sustentavam os enfermos e, de mãos dadas, entoavam hinos religiosos. Entre eles... uma mãe com sua filha doente... impassíveis, todos entraram nas chamas... o local onde foi erguida a fogueira ainda é conhecido como “campo dos queimados... ali se erigiu uma esta funerária onde foi gravada a seguinte inscrição: ‘EM MEMÓRIA DOS CÁTAROS, MARTIRES DO PURO AMOR CRISTÃO’”.
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Constantino, em 331, iniciou a perseguição aos novacianos: livros confiscados, igrejas queimadas, proibição de congregar. Conseqüentemente, para continuarem a se congregar (Hb 10:25), eles fugiram para lugares mais apartados. Cláudio Seyssell, um arcebispo papal, traça o surto dos Valdenses a partir de um pastor chamado Léo, que foi banido de Roma neste período e achou refúgio nos Alpes (italianos). Estes vales e montanhas, conhecidos como VALDOIS – daí o nome valdenses – foram redutos naturais, defendendo por séculos os batalhadores da “fé que uma vez foi dada aos santos” (Jd 3). Quando Pedro Waldo veio no século XII, distinguido cidadão de Lião, o que ele fez foi abraçar as idéias desses espalhados Novacianos e outros que habitavam essas alturas montanhosas.
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Dos Valdenses é dito que suas doutrinas eram idênticas a dos primitivos anabatistas. Há 2 documentos datados de cerca de 1260, escrito por católicos, que os descrevem os assim: “os valdenses vestiam-se com relativa simplicidade, comiam e bebiam moderadamente, sempre laboriosos estudantes, havendo entre eles muitos homens e mulheres que sabiam de cor o Novo Testamento”!!! É sabido também que possuíam uma escola prática em Milão, com ramificações na Calária e na Apúlia, além de seminários independentes que colocavam na “seara” (Mt 9:35-38) grande quantidade de “ceifeiros” itinerantes.
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Significativo é o depoimento de Raisero Sacchoni, que foi por 17 anos um ativo pregador dos Cátaros, Valdenses da Lonbardia (Itália) mas que se “vendeu” à Roma, unindo-se à ordem dominicana e sendo nomeado pelo Papa o inquisidor da Lombardia!!! Ele diz: “entre todas as seitas não há mais perniciosa à igreja [Católica] do que os Lionistas (Valdenses). Por 3 razões: primeira, porque é a mais antiga, pois dizem que data do tempo de Silveste, 325 a.C., outros aos tempos dos apóstolos. Segunda, é a mais largamente espalhada, porque dificilmente haverá um país onde não exista. Terceira, porque, se outras seitas horrorizam aos que as ouvem, os Lionistas, pelo contrário, possuem uma grande aparência de piedade. [II Tm 3:12] Como matéria de fato, eles levam vidas irrepreensíveis perante os homens e no respeita à sua fé, aos artigos de seu credo, são ortodoxos. Sua única falta é que blasfemam contra a igreja [Católica] e seu clero”!!!
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Sendo este o comportamento dos Valdenses, conseqüentemente foram tenazmente perseguidos pela Igreja Católica assim como os Albigenses. A “Santa” Inquisição queimou, afogou, esfolou, torturou... os Valdenses. A título de exemplo, o Papa João XXII (1316-1334) gastava cerca de 60% dos impostos por ele mesmo criados para financiar a guerra contra os anabatistas e os muçulmanos (O Papado na Idade Média, pág. 140-143)!!! Contudo, até hoje existem algumas igrejas com o nome denominacional “valdense”. (Ef 3:21)
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A mudança do nome Anabatista para Batista se deu entre 1525 e 1638 por 2 motivos pelo menos:
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Primeiro que mesmo com o advento da Reforma, os anabatistas não alcançaram a tão sonhada liberdade religiosa. Contudo, pensando que a tinham conseguido, saíram de seus esconderijos e foram para as cidades, onde se “multiplicaram”: 10% da cidade de Estrasburgo (França) se tornou anabatista; Jacob Hutter organizou 80+ igrejas na Moravia (República Tcheca) em menos de 10 anos; Hans Huth abriu centenas de igrejas no sul da Alemanha e Áustria. Ai vem as perseguições protestantes, uma página negra na história da Reforma: em grande parte por causa do “bendito” batismo infantil!!! Isto provocou dispersão e abandono do apelido. Então alguns pastores foram ao resgate dos dispersos: Meno Simon, de que a maioria até hoje é chamada de menonitas; David Joris, cujos seguidores passaram a ser chamados Batistas. Prova disso é a declaração do Cardeal Hosius, presidente do concílio de Trento, em 1554: “não fosse o fato de terem os BATISTAS sido penosamente atormentados e apunhalados durante os doze últimos séculos, e eles seriam mais numerosos mesmo que todos os que vieram da Reforma”. 1200 anos antes é em torno do ano 300 d.C. data em que se iniciou as perseguições oficiais (sob Constantino, 316) contra os rebatizadores!!!
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Em segundo lugar, é que na verdade, nós NÃO somos rebatizadores, mas batizadores porque o batismo só “é lícito, se crês de todo o coração” e, em sendo esta exigência atendida, “desceram ambos à água” (At 8:37). Logo a “Igreja Anabatista” de New Port, Rhode Island, a 1ª de todos os EUA, fundada por John Clark em 1638, já se chamava “Igreja Batista” 10 anos depois. Na Europa, a 1ª igreja “oficialmente” batista foi formada por membros que receberam o batismo dos anabatistas resgatados por Simons, cujo 1º pastor foi Tomaz Hellys, em 1612.
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Porém, como “convém também que tenha bom testemunho dos que estão de fora” (I Tm 3:7), nada melhor do que encerrar esta parte com estes testemunhos NÃO-batistas:
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John Lawrence von Mosheim, o “Pai da História Eclesiástica Moderna”, era luterano. Ele afirma que “a origem dos Anabatistas é perdida nas profundesas remotas da antiguidade, antes da ascendência de Lutero ou Calvino, jazendo escondida em quase todos os países da Europa, sendo pessoas que tenazmente aderiram aos princípios dos Batistas holandeses modernos”. (Institutes of Ecclesiastical History, II, págs. 119,120); Jonathan Edwards, pastor congregacional e considerado por muitos como o maior teólogo evangélico da América do Norte, escreveu: “Deus teve o prazer em manter uma sucessão ininterrupta de muitas testemunhas durante o tempo todo em Alemanha, França e Bretanha...” (Edwards, Works, I, pág. 596); João Clark Ridpath, historiador metodista, disse em uma carta escrita ao pastor batista W. A. Jarrell: “Eu não deveria admitir a existência de igrejas batistas no ano 100 d.C. mas, sem dúvida havia batistas nessa época, pois todos os cristãos de então eram batistas”
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Entre os séculos XVIII e XIX, o rei da Holanda nomeou uma comissão para verificar qual das denominações ali existentes era a mais antiga e semelhante da igreja primitiva, com o intuito de oficializá-la. Os dois eruditos à frente desta empreitada foram o Dr. Anne Ypeij, professor de Teologia em Gronigen e Johannes Dermout, capelão do rei. A conclusão a que chegaram foi esta: “Nós temos visto, agora, que os Batistas (que eram chamados muito antigamente de Anabatistas, e, em épocas mais recentes, de Menonitas) são os [mesmos] Waldenses originais [do século II]. E que eles [os Batistas] por muito tempo na história da igreja recebera a honra desta origem. Neste cômputo, os Batistas podem ser considerados como a única comunidade cristã que tem permanecido de pé desde os dias dos apóstolos, e como uma sociedade cristã que tem conservado puras as doutrinas do Evangelho através dos séculos. As perfeitas economias [administração de assuntos teórico-doutrinários e práticos] externas e internas da denominação Batista tende a confirmar a verdade, disputada pela igreja Romana, que a Reforma ocorrida aproximadamente no século XVI já estava no mais alto grau de necessidade, e, ao mesmo tempo, vai refutar a noção errada dos católicos, que a denominação deles é a mais antiga”.[7]
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Vale perguntar: o que esta emocionante história “tem a ver” com a preservação da Bíblia?
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Sendo nossa igreja local “a coluna e firmeza da verdade” (I Tm 3:15) e os crentes das igrejas os mordomos da Palavra de Deus (I Tm 1:11,18-20; 4:6-16; I Cr 4:1,2; Ef 3:9), Deus lhes ordena a levar, manter (observar, proteger, guardar e preservar), ensinar, receber e reconhecer Suas Palavras (Mt 28:18-20; Jo 10:27; 17:8; 14:21; 15:20; I Co 7:19; Gl 2:5; II Tm 2:1,2,24-26; Tt 3:10; I Jo 3:22-24; Ap 1:3; 14:12; 12:17; 22:7,9,18,19).
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Tertuliano, um montanista. Novácio, pastor na região Egéia (Ásia Menor, região onde se localizava a igreja de Antioquia). Donato e seus seguidores não entregaram para serem destruídos seus manuscritos bíblicos e se separaram daqueles que assim fizeram durante a campanha do imperador romano Diocleciano (cerca de 300 d.C.), mesmo sob o risco de serem queimados. Dos Paulicianos “dizem os seus inimigos que [este apelido] se deriva de algum líder desconhecido; mas tenho certeza de que os paulicianos se gloriam da sua afinidade com o APÓSTOLO DOS GENTIOS”.
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Estes são os “pais” dos Valdenses, dos Albigenses, (dos Arnaldistas, Henricianos, Petrobrucianos...), dos Anabatistas dos BATISTAS!!! E, H. D. Williams afirma: “a influência dessas igrejas independentes seria sentida na “Era das Trevas” e na Reforma. É bem conhecido o fato de que os homens da Reforma foram influenciados por membros das igreja valdensianas. Foram as igrejas independentes valdensianas que forneceram os manuscritos que Erasmo (et al.) usaram para imprimir o primeiro Texto Tradicional ou Texto Recebido...
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Vamos à evidência???
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Para a compreensão da magnitude dos fatos, apresentaremos 3 personagens:[8]
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Jean Leger: um estudioso valdense, líder de seu povo quando do massacre de 1655 e publicador do livro “História Geral das Igrejas Evangélicas dos Vales Piemonteses”, publicado em francês em 1669 e chamado raro já em 1825.
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Pierre Robert Olivetanus (1506 – 1538): nascido em Noyon, França, foi o tradutor da Bíblia em francês, publicada em 1535 na Suíça, financiada pelos valdenses ao custo de 1500 escudos. Seu apelido “olivetanus” foi-lhe dado como conseqüência das várias horas dedicadas à tradução sob iluminação de lâmpadas de oliva!!!
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Giovanni Diodati (1576-1649): de origem italiana, refugiou-se em Genebra depois de ser expatriado por causa de seu “protestantismo”. Já aos 20 anos tornou-se professor de hebraico na Academia de Genebra e em 1608, após a morte de Beza, assume a cátedra de teologia.
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Agora vamos às conexões:
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G. de Félice afirma a respeito de Calvino (1509 – 1564) que “a Bíblia que recebeu de um de seus parentes... o arrebatou do catolicismo”. Quem era esse parente? Pierre Robert Olivetanus, seu primo!!![9] Onde encontramos o 1º testemunho público da conversão de Calvino? No prefácio da 2ª edição do NT da Bíblia Francesa (de Olivetanus!!!) por ele revisada, onde escreve: “a todos os que amam a Jesus Cristo e a seu evangelho”.[10]
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Posteriormente, esta Bíblia foi revisada por Beza e outros. Beza? Aquele que publicou 5 edições do NT grego? Aquele que teve acesso aos códices D¹ e D², supostos exemplos do tipo-de-texto ocidental? O que tem a ver Beza e os Valdenses? Em seu livro “Homens Ilustres”, Beza dedica um capítulo para falar sobre os Valdois (ou habitantes dos vales dos Alpes italianos ou valdenses, de quem ele afirma ser a origem datada por volta de 120 d.C.), onde afirma que “deve-se confessar ter sido por meio dos Valdois dos Vales que a França hoje tem a Bíblia em sua própria língua”!!!
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Enquanto Diodati estava em Genebra ele traduziu o TR para o italiano. Quem estava com ele nesses período? Ninguém menos que Jean Leger, um valdense, que levou esta tradução para seu povo que a usou em seu evangelismo itinerante,[11] embora houvesse à época, entre eles, o uso de uma Bíblia em sua própria língua peculiar.[12]
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Contudo, as evidências não param por ai:
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É interessante restrear a Bíblia Waldensiana que Lutero tinha ediante de si quando traduziu o NT. Ele usou a Bíblia Tepl (datado de 1300-1400), com esse nome vindo de Tepl na Bohemia [Alemanha]. Esse manuscrito representou uma tradução da Bíblia Waldensiana para o alemão, (caracterizada pelo seu pequeno tamanho para facilitar seu uso e transporte, típico dos evangelistas valdensianos, escondidas sob sua rudes capas), mencionada antes dos dias da Reforma,[13] sendo de origem diferente da versão adotada pela ICR, a vulgara de Jerônimo, um dos motivos pelos quais a ICR reprovou Lutero. Temos, portanto, uma indicação de quanto a Reforma, sob Lutero, assim com sua tradução da Bíblia, devem aos valdenses!!!
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A influência valdensiana também penetrou na Bíblia King James de 1611 através das traduções de Olivetanus em francês, de Diodati em italiano e a Tepl por intermédio da tradução de Lutero em alemão.
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E não podemos deixar de falar da famosa tradução de João Ferreira de Almeida que, quando de sua primeira tentativa de tradução do NT para o português, utilizou-se da versão latina de Beza e do auxílio das traduções italiana, espanhola e francesa!!!
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Em conclusão, pode-se afirmar que é “tradição” Batista erguer bem alto o PENDÃO REAL, que nos entregou o Rei, a nós soldados Seus, sempre dispostos de tudo o defender, firmes sempre até morrer!!![14] Olivetanus, no prefácio da 1ª edição do NT francês afirma que “desde o tempo dos apóstolos ou seus sucessores imediatos, a TOCHA do evangelho foi acesa entre os Valdois e nunca mais foi extinta”. As Igrejas Batistas hodiernas estão disposta a manter esta tocha acesa até o fim, marchando até o céu, na certeza de que ouviremos de nosso General “servo bom e FIEL. Sobre o pouco fostes fiel, sobre o muito te colocarei; entra no gozo do teu SENHOR”???!!!
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CANTEMOS O HINO 469 DO CANTOR CRISTÃO!!!
[1] Alexander da Silva Vasconcelos tem 28 anos e é muito bem casado com a bacharelanda em Pedagogia Liang Ramos Jansen de Melo Vasconcelos e pai da pequena “rainha” Ester (de 4 anos), morando em Paço do Lumiar/MA É filho do Pastor José Luiz dos Santos Vasconcelos e da Educadora Cristã Ruth da Silva Vasconcelos; é membro há 16 anos da Igreja Batista Nova Vida, onde atualmente é líder do Departamento de Evangelismo e Missões – DEPEM; é bacharel em Administração pela Universidade Estadual do Maranhão – UEMA
[2] Resumido, adaptado e editado de: “O Rasto de Sangue” de J. M. Carrol; “Lições da História dos Batistas”, (cap. IV, V e VI) de Gilberto Stefano; “O batismo estranho e os Batistas”, (cap. 8) de W. M. Nevins; “Porque todo crente deve ser um batista”, de Jerry Donald Ross e “Porque não somos protestantes”, de Daniel A. Chamberlin (todos acessíveis em www.geocities.com/wbtbrazil) “Os mecanismos para a Preservação das Palavras de Deus” (artigo) de H. D. Williams (acessível em www.deanburgonsociety.org).
[3] Este comportamento não é novidade, tendo por “pai” Diótrefes, ainda no tempo apostólico e combatido por João (III João; cf. I Pe 5:1-4). Indícios de problemas com o significado do batismo, talvez atribuindo-lhe algo místico, começou entre os fariseus, já com relação ao batismo de João (Mt 3:7-12) e parece ter sido ventilado entre os judeus cristãos aos quais Pedro escreveu (I Pe 3:18-22).
[4] É por esse tempo (370 d.C.) que surge e se prolifera a crença do batismo infantil, defendida por Agostinho (que disse: “quem não quer que as criancinhas recém-nascidas do ventre das suas mães sejam batizadas para tirarem o pecado original... seja anátema”), mas totalmente recusada pelos donatistas, o que acirrou os ânimos.
[5] Talvez sim, talvez não... por volta de 1160, um grupo de paulicianos estabeleceu-se em Oxford (Inglaterra), onde John Wycliff (1380-1384), a “estrela d’Alva” da Reforma, iniciou sua luta para reformar a podridão do catolicismo!!!
[6] Entenda-se por “Roma” a Igreja Católica Romana e por “Constantinopla” a Igreja Ortodoxa Grega.
[7] Anne Ypeij e Isaac Johannes Dermout, “Geschiedenis der Nederlandsche Hervormde Kerk” [tradução: História da Igreja Reformada Holadesa], Te Breda: W. Van Bergen em Comp. 1819, pág. 148. (Um exemplar deste pode ser consultado no Seminário Teológico Ocidental na Holanda, Michigan, EUA). É óbvio que a gentileza oferecida pelo rei da Holanda, foi agradecida, porém rejeitada, Mc 12:17)).
[8] Informações extraídas (principalmente) de “História da Bíblia” de Elder Robert L. Webb, acessível em (inglês) em http://www.geocities.com/I_hate_spammers/waldenses1.html , gentilmente traduzido pela amada irmã Jeanne Rangel. Para se reconhecer a autoridade deste escrito vale acrescentar que o autor é associado à Biblioteca Batista Primitivo, em Cartago, Illinois, EUA, onde pode ser encontrado uma re-impressão da AV 1611, a edição de 1607 do NT de “Genebra”, o NT de Tyndale de 1526 e um manuscrito do NT de Wycliffe (1380), fora os vários livros muito antigos sobre a história dos Valdenses, Albigenses e outros “batistas primitivos”, inclusive o escrito por Liger.
[9] Quando Leonardo Verduin (“A Anatomia de um Híbrido”, pág. 199) atribui a Calvino a seguinte frase: “em um tempo foi um Valdense”, seria isto de alguma forma abusivo?!?!?!
[10] O livro de Félice é “História dos Protestantes da França” (SP: Typographia International, 1888, pág. 51). Informações a respeito de Calvino extraída do livro: “Pensadores Cristão: Calvino de A e Z” de Hermisten Costa (Editora Vida: 2006). Autor presbiteriano!!!
[11] Para que não se pense nem se diga que até este momento não havia Bíblias na língua do povo, negando promessas bíblicas (Mateus 24:35; Lucas 16:16,17), “considere os NT Românicos Occitano usados pelos Waldenses datados do século XII [1100]. Essa era a linguagem dos trovadores e homens de letras na Idade das Trevas [Média]. Ela foi a predecessora do Francês e Italiano. Em contraste com as Bíblias católicas massivamente ornadas, as Bíblias românicas eram pequenas e simples, elaboradas para o trabalho missionário. ‘esta versão foi amplamente disseminada no sul da França e nas cidades da Lombardia [Itália]. Tinha uso comum entre os Waldenses do Piemonte e isso não era uma parte pequena, sem dúvida, do testemunho nascido para a verdade para esses montanheses preservarem e distribuírem’ (J. Wylie. História do Protestantismo, vol. 1, cap. 7 ‘Os Waldenses’). Tive [afirma Cloud] o raro privilégio de andar nos vales do norte da Itália, onde os waldenses se situavam, e de examinar uma linda e pequena cópia do NT românico dentro da Biblioteca da Universidade de Cambridge”. (David Cloud. Artigo “Pontos importantes da preservação da Bíblia”. Acessível em: http://wayoflife.org )
[12] Sabemos disso porque Sir Samuel Morland, sob proteção de Oliver Cromwell, recebeu de Leger, após o massacre de 1655, todas as peças da antiga literatura waldensiana disponíveis para guardá-las na Biblioteca da Universidade de Cambridge, rotuladas em 7 pacotes de A até G, na sua maioria perdidas [na verdade saqueadas e destruídas pelos católicos], quando Gilly perguntou por elas em 1823 (“Pesquisas Waldensianas”, pág. 80)!!!
[13] Louis Keller, um advogado versado em história das seitas da Idade Média e Herman heupt, pertencente ao velho partido católico alemão, ambos contemporâneos da reforma apóiam vigorosamente esta afirmação. (Comba. “Waldenses na Itália”, pág. 190-192).
[14] Já no século IV, Helvídio, um grande estudioso do norte da Itália, acusou Jerônimo, a quem o papa Damásio comissionou a traduzir uma Bíblia para o latim, de usar manuscritos corrompidos (além de combatê-lo veementemente com relação à virgindade perpétua de Maria - Pais Pós-Nicênicos, vol. 6, pág. 338). Como poderia Helvídio acusar Jerônimo caso não tivesse em mãos manuscritos gregos puros?!?!?!
Todas as citações bíblicas são da ACF (Almeida Corrigida Fiel, da SBTB). As ACF e ARC (ARC idealmente até 1894, no máximo até a edição IBB-1948, não a SBB-1995) são as únicas Bíblias impressas que o crente deve usar, pois são boas herdeiras da Bíblia da Reforma (Almeida 1681/1753), fielmente traduzida somente da Palavra de Deus infalivelmente preservada (e finalmente impressa, na Reforma, como o Textus Receptus).