Confusão na Adoração: retrato de nossa época

Autor: Nelson Bomilcar
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> O que poderia ser motivo de unidade, hoje nos afasta. O que
poderia ser um caminho de aliança, hoje faz romper; o que poderia
ser motivo de edificação, faz ruir; o que poderia ser caminho de
testemunho, impede incrédulos de enxergar e conhecer o cerne do
evangelho! O que poderia exaltar a pessoa de Jesus, exalta pessoas,
ministérios e "pequenos reinos". Adoração confusa marca nossa época
presente, refletindo a falta de ensino bíblico e interpretações
estranhas das Escrituras!
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> Algumas décadas atrás, a igreja brasileira sofreu algumas
divisões provocadas por entendimentos diferentes quanto à doutrina
do Espírito Santo e a adoração. Na adoração e louvor, as divisões
quase todas se deram por uma análise das "posturas externas". Uns
levantavam a mão, outros não, uns diziam aleluia, outros não, uns
batiam palmas, outros não, uns dançavam, outros não, uns falavam em
línguas, outros não, uns eram informais nos cultos públicos, outros
não, etc.
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> Nossa adoração pública era influenciada por movimentos
musicais que refletiam situações específicas vividas por algumas
pessoas ou algumas igrejas em seus países de origem. Recebemos
heranças que, não há como negar, os missionários trouxeram para a
igreja brasileira, e muito foi absorvido sem questionamento ou uma
análise mais profunda. Por exemplo, dizia-se que não se podia usar
música popular nos cânticos e hinos, e não nos dávamos conta que
nossos hinários estavam repletos de músicas populares acrescidas com
letras de temática bíblica ou cristã.
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> Tivemos a influencia de Ralph Carmichael, Otis Schillings,
Salomão Ginsburg, Kurt Kaiser, Beverly Shea (das cruzadas de Billy
Graham), do ministério Maranatha Music, das cantatas de Peterson,
etc. Em seu pano de fundo, refletiam momentos com ênfases
doutrinárias vividas pela igreja na América do Norte. A igreja
brasileira, ainda sem uma identidade na adoração, simplesmente
absorvia estes modelos e produções, muitas delas de excelente
qualidade musical e teológica, outras nem tanto.
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> Fomos nos tornando mais rebuscados na adoração e em nossas
manifestações artísticas, ao mesmo tempo em que se confundia
adoração somente com música. A igreja estava desmobilizada para a
adoração pessoal e comunitária, vivia-se de apresentações musicais
onde as pessoas "assistiam" os chamados "serviços de culto". A
tentação de copiar modelos era grande, a busca por novidades era
intensa e não tínhamos muitos mentores que pudessem ajudar a igreja
brasileira a crescer nesta compreensão da adoração.
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> Por isso que trabalhos como o do Pr. João Souza Filho,
Gottfriedson, Asaph Borba (na época na Seara Latina Evangelística),
Jairinho e Paulo César (na época na Palavra da Vida), Vencedores por
Cristo, tornaram-se referenciais para muitos. E graças a Deus, bons
referenciais. Fomos abençoados por eles.
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> A busca por modelos e novidades que vêm de fora continua
como característica da igreja brasileira nestes dias. Uma geração
mais enfraquecida em sua compreensão bíblica, pois quase
desapareceram os mestres e pastores que pregam a Bíblia
expositivamente, preocupados e cuidadosos em ensinar o que ela diz,
considerando as linguas originais, contexto, regras básicas de
interpretação bíblica, etc. Conseqüentemente, o povo está menos
habilitado a discernir e avaliar o que estamos ouvindo e vendo,
fazendo o filtro fundamental de "reter o que é bom".
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> Infelizmente, em nossa geração consumista, instantânea e
internética, que cultua a "imagem", que "clama" novidades o tempo
todo (Ron Kenoly e Graham Kendrick já são vistos como ultrapassados,
imaginem só!), não buscamos os caminhos de simplicidade na adoração
conforme ensinado por Jesus. Ele que nunca se iludiu ou se iludirá
com manifestações e aparências externas na forma de religiosidade
(Isaías 1) ou de eventos megalomaníacos para a mídia.
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> O lugar esquecido da adoração, continua sendo o coração do
homem, quebrantado, humilde e que reconhece a necessidade
existencial e espiritual de conhecer, se entregar e andar com Cristo
Jesus para de fato poder adorar a Deus (João 4:20-28). Enquanto
isso, trabalhos musicais aportam numa velocidade incrível em nosso
país, disseminando e despejando suas idéias e convicções sobre
adoração, algumas bem pontuais, circunstanciais, e baseados na
experiência ou revelações recebidas, de uma ou duas pessoas.
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> Tenho participado de um número enorme de encontros, retiros
e congressos, onde, em nome de "contribuir" para a visão da igreja
brasileira, colocam-se pessoas de todas as tendências, estilos e
pensamentos diferentes, para que, como num grande supermercado,
escolhamos a linha ou visão a seguir. A idéia é: "consuma o que
desejar e for pertinente para a sua realidade". Quase no slogan do
comercial conhecido em nosso país "experimenta, experimenta,
experimenta".....
>
> Ao contrário de maturidade, abertura de mente e humildade,
isto reflete nossa insegurança e imaturidade em não balizar caminhos
saudáveis para a adoração através do que a Bíblia realmente ensina,
isto é, numa exegese mínima aceitável.
>
> Demonstra também uma grande fragilidade dos chamados líderes
de adoração (termo que precisa também ser definido e explicado), que
não ajudam as pessoas a discernir o que é bíblico e pertinente para
a adoração. Falta-nos coragem de dizer o que cremos ou pensamos de
fato e alertar sobre enganos que temos visto.
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> Em nome de uma "unidade cosmética", refletida em muitos
palcos, ficamos em nossos cantos, vendo proliferar idéias e
manifestações perigosas; algumas altamente manipulativas e
humanizadas, e não colocamos a cara para bater falando, exortando e
alertando dos perigos que alienam as pessoas de uma adoração que
deve estar presente na vida, no cotidiano, no dia a dia, no
silêncio, nos relacionamentos, onde ninguém vê ou está olhando, sem
rádio e TV .
>
> Percebemos uma igreja que é altamente desmobilizada, por
exemplo, na prática da ação social e ministério do socorro, adoração
prática recomendada por Tiago (Tg 1.27). Onde estão as "reuniões
poderosas de adoração" no serviço em favelas, hospitais, cuidando
dos meninos e homens de rua, na evangelização e obra de missões, que
transformam pessoas e realidades sociais? Onde está a adoração que
abraça causas humanas e de justiça? Isto não passa nem de perto na
compreensão de vários ministérios e líderes de adoração que caminham
em nosso país.
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> Ouve-se sobre adoração profética, sem se definir o que
significa adoração e o que se quer dizer com profético. Como se ouve
tanta coisa sobre isto, e mal explicado, quase como um jargão, a
confusão se instala. Usam-se de forma inadequada o termo profético e
a palavra profecia.
>
> O retorno ao louvor hebraico como pré-requisito na
adoração,"parece" o caminho mais seguro ou divino, mas é um engano;
busca-se então, um modelo de louvor chamado extravagante (precisamos
buscar as bases bíblicas sobre o que é isto), Outro caminho trilhado
tem sido a chamada "adoração no e do "mover" (quem conseguiu mapear
a ação do Espírito que sopra onde quer, ninguém sabe de onde ele vem
e nem para onde vai?). Outras ênfases sobre "posturas" do adorador
tem sido veiculadas, quase como mudança de hábitos ou comportamento,
e não de transformação interna e pessoal, etc.
>
> O Pai continua a procura dos que o adorem em espírito e em
verdade. Como igreja, precisamos sempre do ensino e compreensão
bíblica sobre adoração; o caminho está aberto para os mestres,
pastores, e os que ministram louvor em nosso país que tem seus
ministérios reconhecidos. As pessoas estão olhando para estes
referenciais, e, portanto, temos que ser mais prudentes.
>
> Esclarecer e não confundir, ajudar as pessoas comuns a
encontrar e adorar a Jesus na singeleza e simplicidade da vida, na
meditação, na oração, na comunhão, na missão, na contemplação, e não
em ritos mágicos, em oráculos e modelos decifrados por alguns
especialistas e privilegiados dos "mistérios" da adoração.
>
> Há uma grande responsabilidade sobre os que ensinam em
ajudar a igreja brasileira a entender, expressar e viver a adoração
em todas as suas dimensões. A capacitação sem dúvida é do Espírito
Santo.Temos boas influências que vêm de fora de nosso país, cabe-nos
orar, ouvir, discernir com sabedoria e mútuo conselho, e reter o que
é bom, segundo a revelação da Palavra de Deus.
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> Nelson Bomilcar
> é pastor, compositor e músico, e tem trabalhado na adoração
e música cristã nos últimos 30 anos, ministrando e pastoreando
músicos, tendo produzido inúmeros cantores e grupos no Brasil.
Participou de Vencedores, Semente, IBMorumbi. É membro da Associação
de Músicos Cristãos (AMC) do Brasil.
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> Fonte: http://www.provoice.com.br/artigos-nb/nb9-probl.htm
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> Fernando Paulo Ferreira

http://www.projetoamor.com/news.php?readmore=2962